Como a Competição de Empreendedorismo do Laboratório de Aceleração mudou a forma como os empreendedores trabalham na Guiné-Bissau

23 de March de 2022

 

 

Em maio de 2021, o Laboratório de Aceleração em parceria com a Rádio Jovem, lançou um concurso focado em fornecer/encontrar soluções de prestação de serviços públicos eficazes e eficientes. Os vencedores receberam um prémio monetário, bem como programas de mentoria de três meses dos nossos parceiros nacionais e internacionais, o blog completo pode ser encontrado aqui.

Seis meses depois, entramos em contacto com os vencedores para descobrir como o prémio monetário e a mentoria afetaram os seus negócios. Todos os empreendedores relataram que conseguiram expandir os seus negócios através de parcerias com o governo ou o setor privado por empreendimentos individuais.

Cantina Nutribem – Nailde Lopes

Nailde Lopes, fundadora da Cantina Nutribem, uma cantina, criada para dar acesso a uma alimentação nutritiva, baseada em produtos naturais e locais explicou, “a mentoria ajudou-me a expandir a Cantina para um segundo bloco e a reestruturar os armazéns para gerir o stock de forma mais eficiente”.

A trabalhar no hospital da capital de Bissau, o Hospital Nacional Simão Mendes, Nailde explicou que existia uma lacuna evidente no mercado, mas que estava “com dificuldades para gerir o cash flow da sua empresa e os subsequentes investimentos para a ajudar a crescer e a rentabilizar do negócio dela. Com o apoio do programa de mentoria, que decorreu de julho a setembro de 2022. Nailde disse que conseguiu gerir o seu negócio de forma eficaz e fazer face às despesas. “Sem a mentoria”, observou ela, “não teria sido possível entender os benefícios de uma planinha digital para controlar as vendas e gerir o meu estoque”.

 

Cantina Nutribem no Hospital Nacional Simão Mendes

 

Centro Técnico de Informação e Comunicações (CETIC) – Iero Candé

Iero Candé é o fundador do CETIC, um centro de formação profissional criado em 2018, com o objetivo de oferecer cursos de informática a jovens e profissionais da região de Bafatá. Finalizando em segundo lugar fez com que Iero pudesse beneficiar do prémio monetário, “consegui expandir o centro para Bissau e Gabú, recrutar quatro funcionários e 250 alunos, bem como ir além dos profissionais de apoio ao acompanhamento de estudantes universitários.” disse Iero.

O sucesso do negócio do Iero tem ganho parcerias nacionais do CETIC com a Direção Regional de Formação e Formação de Formadores e o Conselho Regional da Juventude. Além disso, por meio das habilidades adquiridas no processo de inscrição e na orientação, Iero conseguiu criar parcerias internacionais com a Governança da Internet polonesa e a YALI-Africa, parte do programa Mandela Washington Fellowship. Refletindo sobre essa oportunidade, Iero observou: “Mudamos completamente a maneira como trabalhamos; desenvolvemos um plano de negócios e adquirimos habilidades de marketing inovadoras e também aprendemos a fazer crowdfunding, o que melhorou significativamente os nossos negócios.”

 

Aula no CETIC Bafatá

 

Ambiental Multi Color – Jackline Martins

Jackline Martins é fundadora da Ambiental Multicolor, microempresa que utiliza cartuchos reciclados para diminuir o descarte nocivo de plástico não utilizado, presta serviços a empresas públicas e privadas, escolas e universidades, de forma ambientalmente segura. Em conversa com Jackline, ela explicou que “a mentoria ajudou-me a entender a importância do atendimento e do profissionalismo, além de como lidar com barreiras e anomalias do negócio”. Entrando na competição com dúvidas sobre o futuro do seu negócio, considerando a diminuição da impressão e tornando-se verde, Jackline entendeu através da mentoria que precisava de continuar a inovar para manter o seu negócio vivo. A mentoria deu-lhe “coragem e motivação” para abordar instituições e “negociar acordos”, levando a uma parceria de sucesso com o Ministério do Turismo e Artesanato.

Olhando para o futuro

Os vencedores receberam um formulário de progresso e avaliação para preencher, que analisava os seus progressos após a competição, mas também como eles acreditavam que a competição poderia ser melhorada no futuro. Por meio do formulário de avaliação e andamento, os vencedores explicaram que “a vertente publicitária deveria ter ido além das rádios e das redes sociais para aumentar o alcance”, tendo em conta o nível de alfabetização dos cidadãos entre 15 e 24 anos no país sendo de 60,4%.¹, “a inscrição deveria ter ido além de um formulário do Google, talvez uma inscrição manual também devesse estar disponível”. Os vencedores também explicaram que uma parceria entre o Laboratório de Aceleração do PNUD e instituições ou órgãos financeiros locais melhoraria a integração dos seus negócios e o potencial de expansão.

Aprendizagens chaves

O Laboratório de Aceleração considera-o uma exploração do ecossistema de empreendedorismo, sendo a experimentação o impacto do prémio monetário e da mentoria no desenvolvimento de microempresas. Os resultados demonstram que o ecossistema está a ser construído, mas existem gargalos que impedem os empreendedores da Guiné-Bissau de serem resilientes e expandirem os seus negócios.

Os principais aprendizados deste exercício são os seguintes:

1. Existem índices do início da construção de um ecossistema empresarial na Guiné-Bissau, embora fraco e inflexível.

2. Na Guiné-Bissau, o setor informal é a principal fonte de renda da maioria, com apenas 401 empresas formalmente registadas em todo o país², demonstrando falta de apoio ou incentivo para que os quase empreendedores formalizem os seus negócios.

3. Existem numerosos órgãos e instituições que visam apoiar os empresários. No entanto, as taxas impostas pelo Governo (89.312 XOF para formalização) tornam irrealista a formalização de negócios considerando que o salário médio mensal no país é de 59.000 XOF³ (aprox. 98 USD). Além disso, processos e procedimentos legais complicados, bem como a falta de digitalização, dificultam a formalização de um negócio⁴.

4. Existem muitas iniciativas e incubadoras de apoio ao empreendedorismo no país, mas falta harmonização, consistência e longevidade para sustentar o empreendedorismo no país.

References

1. UNESCO. Institute of Statistics. 2014. <http://uis.unesco.org/en/country/gw>
 

2. file:///C:/Users/ana.dju/Downloads/UNDP-GNB-Buildingforwardbetter-EN-2021.pdf, p.21
 

3. https://meusalario.org/guinebissau/salario/salario-minimo
 

4. file:///C:/Users/ana.dju/Downloads/UNDP-GNB-Buildingforwardbetter-EN-2021.pdf p.26