Em cada ano marcamos um dia para lembrar que o nosso trabalho deve ser dirigido para melhorar as condições de vida das pessoas mais vulneráveis. Me parece importante pausar um momento e lembrar que temos que fazer todo o possível para que os cidadãos adquiram os serviços básicos para criar as oportunidades que precisam para superar a sua situação de pobreza.

Acabar com a pobreza é a base dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Não há como alcançar um futuro justo e equitativo sem atingir esse objetivo importante. Nossa compreensão da pobreza mudou ao longo do tempo. Estamos conscientes que não se trata apenas de alimentar a sua família ou pagar as contas do dia – a pobreza estende o seu alcance a todos os aspetos da vida de uma pessoa, prejudicando sua educação, saúde e suas oportunidades no futuro, e de seus filhos.

O tema deste ano está justamente centrado no empoderamento das crianças e de suas famílias. Não é por acaso que as crianças são os membros das famílias mais expostos à situação de pobreza.  O último relatório da Pobreza Multidimensional, na Guiné-Bissau, indica que 58% das famílias são afetadas pela pobreza, das quais a grande maioria vive nas zonas rurais do país. O relatório também ilustra que quase todas as crianças da Guiné-Bissau sofrem de pelo menos uma privação dos direitos da criança, consagrados na Convenção dos Direitos da Criança. As perguntas centrais então são se as crianças estão na escola? Se as famílias têm assistência médica? Ou bem se as famílias têm água potável, saneamento e eletricidade? Essas são apenas algumas das dimensões que ilustram o estado da pobreza das pessoas quando não têm o essencial para uma vida digna e decente.

Todos nós não podemos ficar indiferentes perante esta situação, especialmente os que têm as ferramentas na mão para impulsar mudanças. Num mundo com suficientes recursos, é inaceitável que não possamos demostrar mais progresso no acesso a serviços básicos para todos os cidadãos. O governo, a comunidade internacional, a sociedade civil – todos somos chamados a focalizar os nossos esforços para o combate à pobreza e à pobreza extrema. Hoje é um dia não para comemoração senão para direcionar a nossa atenção e energia em como enfrentar este desafio que atinge uma grande maioria dos cidadãos na Guiné Bissau. O PNUD quer ser um parceiro neste esforço junto com as comunidades e parceiros nacionais.